terça-feira, 11 de maio de 2010

Eu Sonhei Um Sonho


Eu sonhei um sonho num tempo que já se foi
Quando esperanças eram grandes e valia a pena viver
Eu sonhei que o amor nunca morreria
Eu sonhei que Deus seria misericordioso

Então eu era jovem e destemida
Quando sonhos surgiram e foram e usados e desperdiçados
Não havia nenhum resgate a ser pago
Nenhuma canção não cantada, nenhum vinho intocado

Mas os tigres vêm à noite
Com suas vozes suaves como trovão
Como eles despedaçam sua esperança
Transformando seus sonhos em vergonha

E ainda sim sonhei que ele veio até mim
E que viveríamos os anos juntos
Mas há sonhos que não podem ser
E há tempestades que não podemos prever

Eu tive um sonho que minha vida seria
Tão diferente deste inferno que estou vivendo
Tão diferente daquilo que parecia
Agora a vida matou o sonho que sonhei

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Mãos dadas


 
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.

sábado, 8 de maio de 2010

A todas as Mães um Feliz e abençoado dia!!!

Quando Deus Criou as Mães


No dia em que o bom Deus criou as mães
(e já vinha virando o dia e noite há seis dias) um anjo apareceu e disse:
- Por que tanta inquietação por causa dessa criação, Senhor?
E o Senhor respondeu:
- Você já leu as especificações desta encomenda? Ela tem que ser totalmente lavável, mas não pode ser de plástico; deve ter 180 partes móveis e substituíveis; funcionar à base de café e sobras de comida; ter um colo macio que sirva para matar a fome das crianças; um beijo que tenha o dom de curar qualquer coisa, desde perna quebrada até namoros terminado... e seis pares de mãos.
O anjo balançou lento a cabeça e disse:
- Seis pares, Senhor? Parece impossível!
- Não é esse o problema, disse o Senhor. E os três pares de olhos que as mães tem que ter?
E o anjo indagou:
- O modelo padrão tem isso?
O Senhor assentiu.
- Um par para ver através de portas fechadas, para quando se perguntar, que é que as crianças estão fazendo lá dentro (embora já o saiba); outro par na parte posterior da cabeça, para ver o que não deveria mas precisa saber. E naturalmente os olhos normais, capazes de fitar uma criança em apuros e dizer-lhe: Eu te compreendo e te amo, sem proferir uma palavra.
- Senhor, disse o anjo, tocando-Lhe levemente na manga, é hora de dormir. Amanhã é um novo dia...
- Não posso, replicou Deus, está quase pronta. Já tenho um modelo que se cura sozinho quando adoece, consegue alimentar uma família de seis pessoas com meio quilo de carne moída e convence uma criança de nove anos a tomar banho.
O anjo rodeou vagarosamente o modelo de mãe.
- É muito delicada, suspirou.
- Mas é resistente, respondeu o Senhor entusiasmado.
- Você não imagina o que esta mãe pode fazer ou suportar.
- E ela pensa? indagou o anjo.
- Não apenas pensa, mas discute e faz acordos, explicou o criador.
Finalmente, o anjo se curvou e passou os dedos pelo rosto
do modelo de mãe.
- Há um vazamento, retrucou.
- Não é um vazamento, disse Deus, é uma lágrima.
- E para que serve? indagou o anjo.
- Para exprimir alegria, tristeza, desapontamento, dor, solidão, orgulho.
- Vós sois um gênio, disse o anjo.
Mas o Senhor ficou melancólico.
- Isso apareceu assim, naturalmente; não fui eu quem colocou nela...


sexta-feira, 16 de abril de 2010

Eu pensei...



"O tempo é muito lento para os que esperam
Muito rápido para os que tem medo
Muito longo para os que lamentam
Muito curto para os que festejam
Mas, para os que amam, o tempo é eterno."

William Shakespeare

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A ilha dos sentimentos


 
Era uma vez uma ilha, onde moravam todos os sentimentos: a Alegria, a Tristeza, a Sabedoria e todos os outros sentimentos. Por fim o amor. Mas, um dia, foi avisado aos moradores que aquela ilha iria afundar. Todos os sentimentos apressaram-se para sair da ilha.

Pegaram seus barcos e partiram. Mas o amor ficou, pois queria ficar mais um pouco com a ilha, antes que ela afundasse. Quando, por fim, estava quase se afogando, o Amor começou a pedir ajuda. Nesse momento estava passando a Riqueza, em um lindo barco. O Amor disse:

- Riqueza, leve-me com você.
- Não posso. Há muito ouro e prata no meu barco. Não há lugar para você.

Ele pediu ajuda a Vaidade, que também vinha passando.

- Vaidade, por favor, me ajude.
- Não posso te ajudar, Amor, você esta todo molhado e poderia estragar meu barco novo.

Então, o amor pediu ajuda a Tristeza.

- Tristeza, leve-me com você.
- Ah! Amor, estou tão triste, que prefiro ir sozinha.

Também passou a Alegria, mas ela estava tão alegre que nem ouviu o amor chamá-la.
Já desesperado, o Amor começou a chorar. Foi quando ouviu uma voz chamar:

- Vem Amor, eu levo você!

Era um velhinho. O Amor ficou tão feliz que esqueceu-se de perguntar o nome do velhinho. Chegando do outro lado da praia, ele perguntou a Sabedoria.

- Sabedoria, quem era aquele velhinho que me trouxe aqui?

A Sabedoria respondeu:

- Era o TEMPO.
- O Tempo? Mas porque só o Tempo me trouxe?
- Porque só o Tempo é capaz de entender um grande"AMOR"."

Simples Desabafo


 


Afinidade é um dos poucos sentimentos
que resistem ao tempo e ao depois
     
A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos. É o mais independente.

Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades. Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo, a conversa, o afeto no exato ponto em que foi interrompido.

Afinidade é não haver tempo mediando a vida. É uma vitória do adivinhado sobre o real. Do subjetivo para o objetivo. Do permanente sobre o passageiro. Do básico sobre o superficial.


Ter afinidade é muito raro. Mas quando existe não precisa de códigos verbais para se manifestar. Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas. O que você tem dificuldade de expressar a um não afim, sai simples e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.

Afinidade é ficar longe pensando parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem ou mobilizam. É ficar conversando sem trocar palavras. É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.

Afinidade é sentir com. Nem sentir contra, nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo. Quanta gente ama loucamente, mas sente contra o ser amado. Quantos amam e sentem para o ser amado, não para eles próprios.

Sentir com é não ter necessidade de explicar o que está sentindo. É olhar e perceber. É mais calar do que falar, ou, quando é falar, jamais explicar: apenas afirmar.

Afinidade é jamais sentir por. Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo. Mas quem sente com, avalia sem se contaminar. Compreende sem ocupar o lugar do outro. Aceita para poder questionar. Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.

Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças. É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas quanto das impossibilidade vividas.

Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou sem lamentar o tempo de separação. Porque tempo e separação nunca existiram. Foram apenas oportunidades dadas (tiradas) pela vida, para que a maturação comum pudesse se dar. E para que cada pessoa pudesse e possa ser, cada vez mais a expressão do outro sob a forma ampliada do eu individual aprimorado.